segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Estrela Da Noite

Mãos trêmulas de quem intoxica o corpo pra combinar com a alma.
Mãos trêmulas de quem prova de uma donzela lívida pela primeira vez.
Como se ontem não tivesse ocorrido há tantos anos.
O estrago é tão presente e verdadeiro quanto já era antes.
Os olhos negros que trazem a chuva vão me denunciar.
Deixa essa noite acabar e o meu corpo morrer,

Para que algo em mim enfim possa viver.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Erro

Talvez o meu erro tenha sido acreditar que eu podia te curar. Parecia algo certo a se fazer, curar tuas feridas já que eu sabia que as minhas nunca fechariam. Mas as tuas... 
As tuas podiam fechar, eu poderia fazer algo. Mas não posso.
Assim como você, que sempre tentou com tanta veemência me curar de mim, sem saber que cada tentativa fechava uma ferida e abria outra. É impossível te amar sem se machucar porque essa é a sua natureza, apesar de não ser tua intenção, eu entendo. 
Eu também não fico atrás e machuco as pessoas que amo, mas de outras formas. 
Não podemos nos curar do que somos. Talvez isso seja um motivo pra ficarmos juntos, talvez uma vez que sabemos o que somos.
Podíamos parar de machucar as pessoas e só nos machucarmos, mas eu já não posso sangrar. Não por você.
Amor não é tudo, eles dizem. Eles estão certos.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Antes das cinzas

Eu gosto de quem tu és quando estás comigo.
Porque se vais embora, só silêncio e solidão.
Ausência, a mãe da saudade, formada pelos laços invisíveis que criamos. 
Teus sorrisos, tuas palavras, tua voz que ecoa em mim 
E me corrói, porque não estás e não vens se eu não chamar. 
Não permita-me ser inconveniente. 
Presenteie-me com reciprocidade 
E eu vou ser pra você melhor do que por vezes sou pra mim 
Mas não me entendas mal
Me quero antes de te querer 
Porém isso não apazigua os sobressaltos do meu peito.
Transforma meu coração em escola de samba 
E faz em mim carnaval.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

o Beijo do Judas

Era bela. Formas arredondadas que cabiam nas mãos. De sorriso estonteante e olhos de mistério. Era alegre como uma criança, mas pontual em seus desejos, todos eles. Costumava prostrar-se aos meus pés como súdita obediente, uma discípula das mais fieis, mas de qualquer forma eu sabia que em seu coração habitava toda a podridão do mundo, só não sentia a necessidade de lhe revelar para ele enquanto pudesse lhe domar. Judas sempre com a voz tão dócil, sempre me oferecendo abraços tão apertados quanto os de uma cobra, achou que me veria sucumbir. Pobre diabo, já vi tantas vidas miseráveis  como a sua se findarem, outras nem começarem, e umas tantas levei comigo pra pintar os lábios de sangue . Judas me beija, sem saber que o meu beijo lhe tiraria tudo, cada segundo de paz que acredita ter. Judas tem muito a aprender com o meu silêncio. Fui capaz de virar a outra face em seu repeito, pelas coisas que havíamos vivido, mas veio impiedoso, me denunciar, sem saber que eu já conhecia seus passos e liderava o seu próprio caminho. Você nada pode contra a louca, é uma luta perdida que não sei porque se dispõe a comprar, mas se assim deseja vou destruir tudo o que ama, vai viver e rastejar por toda a sua infame existência  lembrando como se destruiu, de como atravessou o meu caminho de forma errada e o quão benevolente fui em lhe permitir encher os pulmões de ar dia após dia. Lembre que o vazio que lhe cerca foi culpa sua, Judas.